segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Quando estão tentando te sabotar

  1. Acordou cedo. Pura magia, pois sempre dormiu até o meio dia. Ninguém, até hoje, descobriu o que significou aquela manhã. Acordou, ainda, de bom humor. Todos puseram-se a pensar. Pois realmente, havia algo diferente. O que pode ter acontecido? Um beijo. Uma cantada. Uma boa nota. Talvez não, muito improvável. O fato é que: Foi simples e diferente. Goles de água pela manhã, uma boa lufada de ar fresco e gélido da manhã. Depois pão com o queijo que se derretia em fios sedutores. La fora chovia. Porem os olhos enxergavam o sol brilhando forte na frente de um céu magnífico.
  2. A pasta que residia em cima da cadeira foi apanhada e levada até seu real destino. No escritório, tudo cinza. Nem a mais nova secretária trazia o animo necessário para reanimar o local, que estava nas últimas. Realmente. Isto aqui está pior que festa de, mas o funcionário parou por ai com a analogia. Notou-se que seu rosto se encheu de vergonha. Logo, todos, sem exceção, entenderam.
  3. Uma ligação diretamente no celular. O chefe pedia um relatório, o que é muito comum em um escritório. Para falar a verdade este modelo de trabalho, o "relatório" está se tornando muito popular em todo o lugar. Pelo menos na escola, ouviu na mesa do almoço, que seu filho já teria preparado uns três destes textos para a escola só nesta semana. Achou o máximo. Isto deu-lhe brecha para sair de seu mundo de carne e osso tão previsível como o nosso.
  4. Puxa, meu filho, se preparando para o futuro. Que orgulho d'eu conseguir mantê-lo em um colégio que realmente se preocupa com o futuro dele. Pense só, se eu tivesse treinado mais relatórios na escola, enquanto moleque, me sairia melhor hoje, neste trabalho tão "inemocionante" que realizo.
  5. Mas é claro que se o filho fosse fazer no trabalho o que treinava na escola, o nome não seria escola e sim: Trabalho. O fato é que sua imaginação o traiu. Atraindo-o para longe de seus afazeres durante toda a tarde. Ao longo de cada segundo que em passos mágicos e rápidos transformaram-se em horas. O resultado foi o que nenhum chefe espera ao perguntar: "E ai, Fulano De Tal, terminou o "tal relatório" que eu lhe ordenei para a tarde?" Nenhum não é bem recebido.
  6. Na maioria das vezes nós não falamos diretamente, por isso que praticamos tanto o sorriso para uma vida social aceitável dar certo para alguns. Mas tudo bem, tem chefes que estão já acostumados a demitir funcionários. Estão tão calejados que quando falam seu batido discurso que termina em lágrimas do outro lado da mesa, nem mais se espantam com o drama dos indivíduos mais adversos. Alguém tem que fazer o trabalho sujo, mas o mais interessante é que: Tem sempre alguém determinado a fazê-lo.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Roda de fogo

  1. O dia nasceu lindo mas sua tarde estava nublada. Ao anoitecer o céu estava quase todo azul escuro e o horizonte mantinha uma luz misteriosa, de um brilho avermelhado. E com esta imagem e a silhueta de algumas árvores que o sol sumiu por completo. Ao redor uma festa, mas nosso herói, pelo visto, não tinha muito o que comemorar. Ascendeu um cigarro e olhou a fumaça ir dicipando-se devagar. Densa e seu odor era pouco agradável. Não era, com certeza, um cigarro comum.
  2. Ajeitou sua jaqueta de couro e saiu andando pela rua. Os olhos atentos a tudo. Em sua frente um preto que tentava, ao máximo, esconder um estilete amarelo no bolso. Ridículo. Pensou, um sorriso de canto de boca. Ao seu redor, garrafas de cerveja na mão de valentões idiotas. Garotas sendo paqueradas de forma amadora, segundo sua jurisdição. Estou cercado de idiotas.
  3. Ajeitou-se por fim, na mesa de uma lanchonete, aonde pediu algo para comer. Com o acompanhamento de bebida. Fixou seus olhos sombrios em uma pequena TV que estava escondida em algum canto. Ao seu lado acomodaram-se nove outros sujeitos já alterados, que não queriam nada com nada. Mexeram com a garçonete. Derramaram cerveja no chão e esbarraram na mesa ao lado. Não vai pedir desculpa? Eu não devo desculpa a você, você não é meu amigo. Respirou fundo e por fim pensou: Foda-se.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Desculpem, eu espero remendar tudo em breve

  1. As mãos tamparam as orelhas. Os olhos se contraiam ao máximo. Descabelou-se. Pois fim caiu de joelhos. Um fio de baba desceu do canto da boca enquanto, em meio a pranto desesperado, suplicou. "Parem, por favor, parem." Não cessou. "Por favor, eu suplico, eu suplico. Não tenho culpa, não fiz nada juro!" Mas não havia cristo que fizesse aquela tortura parar.
  2. O redor era impossível de ser visualizado, todos os sentidos estavam embaralhados. Os pensamentos não se perdiam, eles não iam embora. As lembranças ficavam cada vez mais reais. O que estaria acontecendo? Que som era aquele? Antes de tudo, a dor respondia por si.
  3. Viu a si mesmo deitado em uma cama de hospital. Com uma forte luz incidindo na sua cabeça. Ela entrava no seu cérebro e causava uma sensação tenebrosa inexplicável. De repente o trinco da porta fazia barulho e ele mesmo entrava, para visitá-lo. Parecia ter se perdido de si mesmo. O olhar era triste e ele ia embora através do espelho. Tudo estava cada vez mais confuso.
  4. Estaria indo para o inferno? Estaria morrendo? As pombas paradas na janela não respondiam. Elas então voaram para longe.
  5. Voltou a si de repente. Estava caido de joelhos babando. Sua cabeça doía devido a pressão que seus braços empregavam nela. Os olhos não queriam abrir, mas a pálpebra relaxou-se involuntariamente. A luz que incidiu em sua pupila dilatada incomodou por alguns instantes. Parecia que o som havia sumido. O corpo começou a formigar. Estava em uma sala suja, sozinho. A luz se acabou.
  6. Desesperado no escuro. "O que é que está havendo?" Era, talvez, sua unica chance. Nenhuma resposta. Valia a pena tentar? Estariam espionando-o? No escuro completo? Seria mais uma vez uma ilusão? Ouviu o trinco de uma porta. A fechadura de uma janela. O que estaria acontecendo? O que deveria esperar mais?
  7. A luz piscou. Continuava sozinho, não viu portas nem sequer janelas. Quando a luz voltou estava em um buraco. No fundo dele. Bem no alto a luz fraca da lua que pouco a pouco beijava-se com a sombra em um eclipse inesquecível.

domingo, 21 de novembro de 2010

Meus passos de formiga

  1. Quantas vezes nós sorrimos para os cantos de nosso quarto. Quantos sorrisos nós damos para as paredes que nos cercam. Não precisamos contá-los. Não temos necessidade. Não precisamos aceitá-los. Não temos necessidade. O fato é que, o mundo é assim, por que está assim a algum tempo. E não vai mudar por que uma pessoa quer.
  2. Podem, especialistas, falar o quanto quiserem: "Uma pessoa muda o mundo, uma pessoa sorri e torna a vida de todos uma maravilha." Se é científico, quem sou eu para discordar. Se foi D'us quem falou, quem sou eu?
  3. Discordo, já disse que não. Mas em momento algum eu concordei. Entendem. Esta boa pessoa que tenta a meses mudar o mundo com um sorriso não vai conseguir manter esta mascara por muito tempo. Em momento algum disse que o sorriso é falso. Mas sim que seus músculos faciais irão se cansar.
  4. Se conseguiram seguir o que disse com propriedade até agora, não será difícil esta conclusão. O mundo todo funciona em cima de um mesmo mecanismo e somente este mecanismo que dá certo. Não interessa o quanto as pessoas lutem contra. Não importa o quanto falem que é difícil. Tudo mentira. Mais fácil ser feliz sozinho. Mas fácil ser feliz momentâneamente, ou seja, até alguém te trazer para o estato de infelicidade novamente.
  5. Ajudem-se. Uma pessoa tem um sorriso no rosto, este deve ser valorizado e repetido. Para assim o mundo mudar a partir de uma pessoa. Pois esta historia de: "uma pessoa pode mudar o mundo, são apenas palavras" uma pessoa não existe. Somos todos um.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Como dizia o cego

  1. Meu mestre me conto a historia do sofrimento que o nego passou, mas ocultou o saber do sofrer da minha gente, como se esta gente não tivesse valor. Minha pele não é escura. Minha pele não é branca. Minha pele não é amarela ou vermelha. Minha pele é pele. Pele. E só pele.
  2. Não quero cor, não quero suor, não quero sabor. Eu quero o amor, o mesmo amor que tem o preto, vermelho, amarelo e branco. O resto é historia. Uma historia que não existe mais. Pois historia é passado e passado o que fica para traz. Tragam aquele que anuncia o amanhã.
  3. Amanhã quero abrir os olhos de um jeito diferente. Sorrindo para o sol e não cobrindo meu rosto na sombra. Amanhã quero meu destino sorrindo junto a mim, somos lindos. Quero meu irmão me estendendo a mão para pular este paredão.
  4. Como diria Roberto Carlos, tá tudo numa boa, tá tudo legal como dois e dois são cinco.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Discurso Sobre: Religião e outras besteiras

  1. Em minha ilustre residência temos costumes. Assim como na vossa com certeza existem diferentes costumes que devem ser levados em conta, normal para nós apenas. Um dos curiosos costumes que envolvem meu plano familiar, o que vou tratar aqui hoje e agora é o fato de mexer o açúcar do suco, ou da água, ou do fluido, substancia entre outros , com o garfo ao inverso de usar a colher. Temos para nós praticantes da ação que o garfo, por ser redividido em quatro dentes, tem um potencial de revolução maior, fazendo o açúcar cristal que é utilizado disolver-se com maior facilidade. E fazemos isto com a maior naturalidade com a qual é caracterizada um caminhar.
  2. Nós também recebemos visitas.
  3. Pessoas simpáticas que ao depararem-se com o ocasionado olham para o garfo saindo ou entrando do copo e se espantam. Expresso eu: "Onde na Bíblia sagrada, na sagrada escritura, esta escrito: 'Não deverás mexer o suco com açúcar cristal com o garfo, apenas com a colher'!" Pois sim, se mal posso eu olhar para minha vizinha gostosa que já estou condenado ao inferno, que dirá de mexer o suco com o garfo. Pois se não sabem, ou não bem [adestrados] catequizados foram o mandamento que se não me engano é o quinto, se bem que bem enganado devo estar é: "Não cobiçarás a mulher do próximo" significa exatamente isto, não olhe para nenhuma mulher, se não... Creio eu que o "se não" já disse tudo. Com espetacular ajuda da "...". É mais do que certo que sabemos efetivamente de duas coisas: A Primeira é o fato de não termos a real certeza do verdadeiro significado do "cobiçar" quanto menos dessa forma flexionada: "cobiçarás", não sei nem se certo está escrito. E a segunda coisa, que também não sabemos é: Quem é o próximo? E ainda, próximo a que? Isso eu não aprendi na igreja.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Somente a agonia

  1. O SOL BRILHOU POR ALGUNS INSTANTES ANTES DE, NOVAMENTE, SE ESCONDER. Não demorou tempo significativo algum e uma brisa fria dominou todo o parque. As pessoas se entreolharam com ares de preocupação talvez cintilando bem no fundo de suas alma. O fato era que todos, sem exceção, queriam acreditar que estava tudo bem. Quando a verdade não era esta. O céu estava maravilhosamente medonho. O azul puro e uma nuvem densa concluindo como um eclipse. Fracos os raios que conseguiam contorná-la. Subtamente o ar frio começou a cada vez esfriar-se mais e o vento iniciou um processo de fortificação que não pararia tão cedo. Os mais espertos e mais antenados já haviam ido embora pois sabiam, ou não sabiam que a situação não iria melhorar.
  2. FAMILIAS INTEIRAS ESTAVAM DENTRO DE CARROS E TODOS ESTES CARROS RUMAVAM PARA LONGE DA CIDADE. Talvez nenhum dos moradores soubessem bem para onde desejavam ir, ou como ficariam longe. Estimavam e mentiam uns aos outros que seria apenas um passeio de ultima hora. Do estilo com o qual nem o pastor acreditava no sermão que pregava. Mas é o que o vento dizia. Quem tem a obrigação de acalmar que acalme, eu vou continuar no meu momento.
  3. SOZINHO, UMA PESSOA CAMINHAVA CONTRA A 'MARÉ'. Um insano, alguém que só deseja aparecer e dar uma de heroi. De fato ele tinha salvo um bebê. E ajudado pessoas a empurrarem o carro, mas naquele ato que mesclava insanidade com a esperança que nem ele realmente poderia ter naquele terrível instante.
  4. O CHORO DOS MAIS FRACOS MISTUROU-SE COM O GRITO DE DESESPERO DOS MAIS FORTES. E esta era a paisagem deprimente e angustiante daquela segunda feira. Funcionários presos por portões eletrônicos que jamais abririam. Juntos abandonaram suas tarefas e oraram na esperança de uma melhora que nunca aconteceu.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um mundo novo

  1. DISSE ALTO. Irmãos, quero que vocês juntem-se a mim, nesta busca incessante. Nesta busca em busca da prosperidade, da felicidade, do amor, da paz. Vamos partir agora. E o bando de bois e cavalos começou a andar, quando chegaram ao extremo norte o líder contornava uma montanha e começava a ir em direção ao sul. Quando chegavam ao extremo sul o mesmo era feito em direção ao norte. E como nenhum individuo do bando era capaz de perceber que estavam sendo enganados, desde então a humanidade vive com o sonho de alcançar um objetivo inexistente. Mas vivem todos felizes sem perceber.

domingo, 24 de outubro de 2010

Quando crianças fazem sexo

...Lá está, a lágrima. Pendurada e pendurando-se mais a cada instante. As moléculas invisíveis vão escorregando e unindo-se em um sentido e a cada novo segundo que nasce pesam juntas na ponta da folha. Pobre soltaria que nega-se a acompanhar as irmãs, fica virgem em casa. Pobres coitadas que negam-se a acompanhar a virgem em sua casa.
...Quando vira-se a folha não existe mais peso, não existe mais consciência. O mundo virou um pêndulo que balança para cima e para baixo. Pois o peso da dor, da vergonha e do desespero pularam da ponte e neste exato momento estão decidindo morrer em baixo do rio.
...Devagar como o som no ar o rio produz suas próprias ondas. Fecha os olhos e se coloca a altura de Deus. Pois não existe culpa em uma melodia tão pura.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Nossos objetivos

...Tudo o que sabia era que não mais queria ficar ali. Então como era de esperar procurou uma saída, e esta não foi encontrada. Desistir a aquela altura seria fácil demais, e não era uma opção agradável em se tomar. Pois uma vez tomada uma decisão esta deve ser assumida. E neste mundo não há nada que deixe uma pessoa mais ou menos constrangida do que assumir uma decisão que toma posição de fracasso. A desistência. Logo ela jamais deveria vir. Mas como nem todas as mentes são fortes o suficiente para levar uma vida para frente às pessoas desistem. Estes não merecem um lugar ao sol, não merecem a vida. Um lugar bom como o que temos vontade de ter nunca será alcançado por estas pessoas. Mas elas sentirão como se estivessem, pois desistirão de ir em direção ao melhor. Pois doem estas palavras assumidas de forma rude, mas elas são verdadeiras: “existem pessoas fracas”. O preso não foi uma destas, pelo menos até adormecer com o gás que cuspido por mangueiras logo rechearam o cômodo minúsculo. Adormeceu como um derrotado, mas ao contrario de todos, ele não tinha opção. Depois o ergueram adormecido em três. Exagero, em dois apenas. E o deitaram em uma superfície fria. Nesta altura amararam-lhe pulsos, punhos, tornozelos, canelas e tórax. De modo com o qual acordou imóvel estava. Notou que sua prisão era feita com tiras de couro. Mesmo com tudo o que fez para parar esta atrocidade percebeu que em alguns pontos ele havia falhado. Pois talvez seja impossível você conseguir tudo o que quer da maneira perfeita que quer. Mesmo suando, dando um duro danado, para algumas causas maiores às vezes você é apenas o primeiro a tentar e morre no esquecimento para anos mais tarde alguns jovens conhecerem seu trabalho anterior ao deles de alguma maneira, acharem interessante e aderirem a idéia. O que seria realmente incrível. Não menos incrível também seria estes tais jovens darem créditos a você a primeira pessoa que tentou isto antes deles, mas vamos concordar que é algo realmente muito difícil de acontecer, frisando a idéia de que você morreu no anonimato eles vão é tomar os créditos para si. E o pior e mais triste de falar é que você faria o mesmo se fosse bom o suficiente para descobrir algo muito bom que em alguma geração anterior a sua tentaram fazer e não obtiveram êxito. E que hoje tem tudo a ver com o seu contexto social e econômico. Tomaria os Créditos para si também, eu os também tomaria, somos pessoas de mente fraca. Mas não o herói deitado na mesa fria, este tinha sua pupila dilatada e uma forte luz incidia em seu rosto. Perturbador. Teria um fim rápido, teria um final horrível? Não sabia. Não queria um final. Ninguém o quer. Novamente lutou por algum tempo. Desistir? Uma mão tomou seu braço e uma seringa em sua veia injetou uma simples substancia. O ar veio sua morte buscar. E dele ninguém mais se lembrou. Nunca mais.

sábado, 4 de setembro de 2010

Tinta queimada

...Chato foi ver as cartas queimadas na caixa de correio do outro lado da rua. Meu coração apertou-se ao máximo. Baixei a cabeça e não a levantei mais desde então.

...Do outro lado da rua mora uma moça, linda. Não a descrevo mais que isto. Mando sempre a ela cartas e cartões que volta e meia verificava se minhas correspondências eram recolhidas, se eram vistas, mas não, resposta sempre negativa para a minha esperança.

...Tentei trocar alguma conversa com a mulher por algumas vezes, mas nossas ideias flutuaram. Não achei que minha performance tenha sido tão horrível quanto parece que foi, mas encaro agora que na fui nada bem.

...Não digo que irei desistir, não digo que irei parar, mas entendi sua mensagem, por mais radical que ela tenha sido, não posso mais fingir que nada aconteceu devo andar bem e viver bem, deste modo sigo com minha existência, minha vivência com o mundo não será mais a mesma.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Eu não tenho medo de você

...Quero encarar meus inimigos cara a cara, fazer deles minha ultima visão. Quando uma bala de metal, ou uma seringa cheia de ar penetrar em meu corpo. Quero olhar para todos aqueles que desejavam minha morte. Não quero falar nada, quero só olhar. Meus olhos penetraram-nos e todos sentirão minha expressão vitoriosa. Por mais doloroso momento que for. Por mais sangue que tente escapar de meu corpo, estarei solene.

...Pois a morte é imortal. E só a morte traz a vida eterna. Quando falo em vida eterna não estou tentando mencionar D’us e nenhum tipo de paraíso. Isto é superficial. Falo em vida eterna neste mundo material, carnal, mesmo. Onde a matéria fica podre. Onde todos pensam nas mesmas coisas e fingem não pensar em nada. Pois tem medo de achar pessoas que pensem no que pensam e descobrirem que não são nem um pouco especiais. Pois neste mundo, se tem algo que todos querem é ser alguém especial. Este é o grande tesouro escondido em tudo. Está em todo o lugar: “Seja especial”, “sinta-se especial”, “quem é especial é você” não estou falando em síndrome alguma, falo desta mania chata, um tanto narcisista de ser alguém. Alguém especial e eterno. Falo o tempo todo de ser mencionado. E isto e somente isto que transforma esta carne corrompida em matéria imortal, pois já diziam há tempos: só se morre quando se é esquecido.

...Por esta única razão é que quero morrer como um ser humano. Quero estar sempre em minha melhor forma. Jovem para a eternidade, rápido para a eternidade, envelhecer é para as pessoas que perderam todas as suas perspectivas de mudar o mundo e encararam o fato de serem importantes para um grupo pequeno e desimportante da sociedade. Estas pessoas que se deixam alcançar pelo tempo tem medo. Medo de serem descartáveis, o que na realidade são. Todos somos, até o momento do beijo fatal. Estou esperando virem me buscar, mas tenho toda uma vida pela frente, espero, sem medo, de você. Sou imortal. Mas já morri a dias.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Um filho falecido

...“[...]Hoje o tempo mudou. Os pássaros começaram a cantar e tudo ficou bom. Era tudo o que eu mais queria dizer, mas não posso. A terrível verdade é que meu mundo caiu. Estou me sentindo cada dia pior e as pessoas pensam que está tudo normal.[...]”

...As lágrimas escorreram e ninguém falou mais nada. A mulher enxugou suas lágrimas e o ar ficou mais pesado. A chuva lá fora não parou e também não fez mais barulho algum. Todos se vestiram de preto para ouvir o discurso do início na integra, pois estas foram às últimas linhas das virtudes.

...Não consigo escrever mais nada sobre o assunto agora, pois convivi muito com o falecido. Desculpem por meu sentimentalismo, pois cai também com a leitura da carta. Eles podiam aliviar, a família poderia não deixar o violino chorando ao fundo. Um solo lindo. Espetacular, aonde as notas iam e vinham com o aro que tão leve parecia tão firme. Tudo tão certo. Ele sempre falava isto, mas enfim:

...Hoje seres indomáveis dominam a terra. Estes titãs estão acabando com as relações humanas. Mordem todos e tudo. Feridos saem milhões. Todos enganados. Parecendo todos tão certos, mas não existe mais razão. Nem, porém. Nem o mundo que deveria existir. Afinal, estamos todos errados e sabemos disto ainda que não queramos assumir. Como não assumiríamos um filho que por ventura de algum motivo iremos odiar por cinco minutos até o final da vida.

...Este nascerá como mais um filho bastardo que cairá nas ruas da amargura e cederá ao extinto. Criado por freiras que com panos e caixas diminuirão a intensidade da luz. Para que esta não o cegue, nem lhe prejudique a visão. Pois estamos muito ocupados para que tudo dê certo em nossas vidas.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Nós somos criados para isto?

...“Estive observando você. E fico feliz em lhe informar que tem todos os quesitos suficientes para ser uma excelente cobaia senhor macaco. Sim senhor, quem é o animal irracional? Quem é a cobaia fofinha? Quem? O senhor!” E assim o cientista retirou o animalzinho da gaiola. O pobre mico tremia. Tinha pouco mais de um ano de vida, quase um bebê ainda. Tremia de frio e pavor. Não reconhecia o ambiente e não fazia idéia nenhuma pelo qual tipo de experiência iria passar. Se pensasse, pensaria: “E agora? O que irá acontecer?” Mas como não pensa, não pensou. Se sentisse pensaria: “Acabou minha vida? Devolvam-me para minha família, minha mãe, meus irmãos. Quero voltar a minha vida.” Mas como não sentia e não pensava, também não sentiu nem pensou.

...Logo o mico se encontrava em uma mesinha cirúrgica. Preso por um cordãozinho que em cada uma das pontas continha um pé de mesa e um pé de macaco. Uma luz intensa incidia nos olhos esbugalhados da criaturazinha. Uma grande silhueta se aproximava amedrontadoramente. A sombra crescia e o animal diminuía. E o animal não sentia nem medo, nem pavor. Não tinha vontade de voltar a sua vida, pois fora criado exatamente para isto.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quando você se sente sozinho

...Quando não há mais ninguém por perto, você pensa que está livre de tudo e de todos. Faz o que não faria, bebe o que não beberia. Anda mais a vontade. Pensa no que não deveria pensar. Agora procuro saber se tem algo em que não devamos pensar. Penso que não. Falar assim me soa muito redundante, mas ora, por mais obscuro que seja, nem toda a treva vem para o mal, assim como nem toda a luz vem para o bem. Não me vem à cabeça quem escreveu esta magnífica premissa, se posso assim chamar, mas afirmo que estas palavras não são minhas.

...É bonito ver a todos felizes em grupo. Mas mesmo em grupo todos sozinhos. Fechados neles mesmos. Pois ninguém é capaz de ler pensamentos e garanto que se esta pessoa existir e efetivamente ler as mentes alheias, ela não é um super herói e sim uma atormentada. Não prestem atenção no gênero, estou tratando como pessoa, tanto no masculino quanto no feminino, não quero fazer nenhuma suposição. Eu mesmo não leio mentes. E acreditem, se fosse capaz de tal feito, é exatamente nestas linhas que estaria a informação. Pois já fazem aproximados dois minutos que tomei uma dose grande de veneno para rato, confesso que estou me sentindo muito mal, mas ainda consigo escrever. Não garanto que revise esta carta, mas juro que será a única que não revisei, por ventura.

...O mais estranho são suas vontades, há dois minutos eu não pensava que poderia ser um escritor. Pois sempre gostei de escrever. Nunca vi o feito como uma carreira. Vivi sempre com um sorriso melancólico aqui em meu consultório de dentista. Por mais que gritasse por dentro, ninguém é capaz de ler sua mente. Sou até grato por isto. Pois quantas vezes você pensa em adultério com pacientes. Quantas vezes você não cede às vontades. Se pudessem ver quem sou eu.

...Por mais atormentada que fosse esta pessoa, a leitora de mentes, queria que ela existisse para me dizer quem sou eu. Esta pessoa ia falar direto nos meus olhos: “corra o mundo” ou “fique aqui, eu sei o que é melhor para você. E tudo que sempre qu.......

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Não interessa quem é você

..."Eu vou ser médico” “Eu não, serei advogado” “Eu serei um cantor muito famoso” “Eu serei filósofo” E todos riram. O garoto ficou envergonhado e escondeu embaixo da carteira os exemplares de Platão que ganhou de aniversário. Sua repulsa pelo tema começou ai. No outro dia tinha outro discurso. “Serei apresentador de televisão” E dependendo de onde se encontrava o rumo do seu futuro mudava.

...Não está certo, você deve fazer o que você gosta. Mesmo que quando fale perca todos os amigos, mesmo que quando decida ninguém queira mais saber de você. Mesmo que o que você goste é ficar com seus colegas reunidos. Não deve agradá-los apenas.

...Joel também achou estranho demais aquele discurso. E tornou: “Não quero mais ser filósofo, riu-se, quero ser astronauta” E em meio à aula de física o professor elogiou e seus colegas gostaram e uma menina em especial prestou atenção nele. Seus pais, sempre o apoiaram. Porque então era tão indeciso? Porque tão inseguro? Os outros, o que eles fazem?

...Procuraram psicólogos que direcionaram o futuro do jovem. Usando de métodos de persuasão para dar a ele o que precisava. Segurança. Ficou alegre, sorridente, acabou por ser dentista.

...Seu consultório todo pomposo. Com pacientes bons, sem muitos problemas, estava feliz. Passou o resto de seus dias em solidão com sua esposa e filhos. Ia ao consultório. Limpava a boca de pessoas comuns, tirava cáries de cantores famosos, mas nunca viu a boca de um filósofo. Pois naquela cidade, eles não existiam.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O paraíso inalcansável

...Certo dia eu estava andando calmo sob a luz do sol. Quando comecei a esquentar-me ao excesso. Tirei o agasalho que tinha. E andei mais. Parei para observar onde estava e quando me dei conta estava em lugar algum. Durante toda a manhã dei passos. Sem pensar em direção. Dei passos um após o outro e quando dei por mim novamente estava enfrentando a mesma paisagem de horas atrás.

...Não havia plano? Sempre houve um plano. Era sair de um ponto para chegar a outro. O que não houve foi análise. Quando se quer mudar, precisamos saber para onde queremos ir, para não cair no erro de chegar exatamente onde estávamos. Então pesquisei sobre os mais diversos lugares que poderia ir, cogitei aventuras, fiz uma lista. Esta lista continha tudo o que eu queria e exatamente onde encontraria tudo.

...E finalmente quando chequei a lista uma ultima vez, dei por mim que não precisava ir a lugar algum.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Idéias hipotéticas

...Foi um baque quando todos descobriram o que ela fazia. Sempre muito bem vestida. Sempre andando com novas roupas. Mas em seis meses ninguém chegou perto de adivinhar de onde vinha o dinheiro. Alguns até desconfiaram e brincaram com o tema uma vez. Sem ela escutar, é claro. Não queriam deixar ninguém constrangido com uma brincadeira aparentemente sem nenhum fundo de verdade.

...Nisto, Vitória entrou. Linda como sempre, sacudindo o cabelo, usando os óculos de grau com aros vermelhos na frente de seus olhos verdes penetrantes. Salto e saia, combinava em tudo. Até seu caminhar combinava com o lugar. Passou, como sempre passava, com a pasta preta pelo escritório, que ninguém sabia ao certo o que continha. Todos olharam e comentaram, mas desta vez os comentários masculinos não iam a elogios ao físico, nem as mulheres falavam mal do jeito dela vestir-se para se auto-elogiarem. Todos faziam comentários vazios e depreciativos.

...Loira, alta, magra. Quem imaginaria que fosse a própria autora de um dos maiores clássicos da auto-ajuda da atualidade? “Como fazer as coisas darem certo para você.”

...Ela estranhou quando, no escritório, observou exemplares de sua obra nas mesas de quase todos os funcionários. Pensou até que alguns, já sentados, estavam sorrindo para ela de um jeito novo, estranho. Muito mais estranho do que o habitual. Tudo bem, tentou controlar seus pensamentos. Sentou e abriu sua pasta, iniciou seu trabalho de sempre. Digitou em seu laptop algumas linhas do processo que tinha nas mãos.

...“Então...” Uma voz masculina quebrou o silêncio. “...Você é a famosa escritora misteriosa.” Era o chefe, com o livro nas mãos praticamente implorando por um autógrafo. Acordou. Estava ainda sentada em sua mesa e o mesmo clima de desconfiança de todos. Continuou a digitar. Por cima da tela de plasma observava flashes de imagens.

...Alguém levanta... Anda... Chega perto... Menção a qualquer palavra... Desiste... Volta... De novo... Repetição das cenas com ‘atores’ diferentes... Alguns nem chegavam a levantar-se só apanhavam o livro... e nada.

...E o dia foi transcorrendo daquela maneira. O dia todo... Assim. Vitória tinha rompantes de memória, uns que faziam paparazzi descerem do teto, todos descobrirem a verdade e uma tarde de autógrafos acontecer com milhões de fãs ali mesmo. Outro no qual ela não agüentava-se o desespero e entregava-se em gritos: “Sou eu mesmo!”. Todas as viagens tinham o mesmo desfecho praticamente. Mas nada efetivamente aconteceu.

...O sol se pondo e atitude nenhuma. Até que todos foram embora para suas casas, para terminarem de viver suas vidas com seus familiares como sempre faziam.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O gole de um milhão de dólares

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Prólogo

...Onde estão os velhos tempos? O que aconteceu com eles? Quero sentir a sensação de liberdade. Mas até agora só sinto o tédio apossando-se da minha existência. Quero sair e beber de novo. Quero pegar um carro e pisar fundo ao acelerador até o motor fundir. Eu quero sentir o vento soprar no meu rosto com toda a intensidade, soprará tão forte que não conseguirei manter meus olhos abertos. Estarei por um momento sublime cego. Mas não cego aos sinais, as inteligências. Estarei cego aos planos, as regras. Serei realmente livre. Abrirei a geladeira e darei o gole na cerveja gelada. O gole de um milhão de dólares.


O gole de um milhão de dólares


...Evandro chegou do trabalho mais cedo do que costumava chegar. Mas aquele dia era especial. Trabalhava em uma livraria. Chegou aparentemente cansado, mas com uma vibração interior incrível. Estava em casa para ver o jogo da seleção. Sentou-se no sofá em frente à TV, mirou o controle a ela que imediatamente após um segundo começou a transmissão. Mostrou mulheres maravilhosas se agarrando a uma grande garrafa de cerveja. Comercial. Logo um grande abridor saia do meio das nuvens e: “Tsssh...” O líquido dourado, com aparência fresca preenchia um copo. Depois uma mão apanhava o copo e... Evandro não se agüentou. Correu até a geladeira e pegou algumas latinhas, colocou-as em um isopor pequeno que mantinha ali perto adicionando também gelo. Quase voltando à sala deu meia volta e alcançou um pacote de amendoim. Levou para sua guarda, em uma mesinha de centro que manteve ao lado do acento.

...O jogo começou. Buscou uma cerveja que quando aberta reproduziu apenas metade do que a televisão mostrara. Um “Tsh” chocho, brochante. Mas Evandro não ligou para isso. Imediatamente enquanto trazia a latinha para perto da boca começou a confabular no fim de sua vontade. Podia até sentir a cerveja preenchendo sua boca. Estupidamente gelada. Depois descendo pela garganta. Um merecido “Ah...” Ele até sacrificou uma cobrança de lateral para o tão esperado gole. Como se tivesse ensaiado muitas e muitas vezes. Olhos cerrados latinha a boca. Apenas uma ilusão. Depois de engolir sentiu-se meio frustrado, pois a sensação de refrescância tão esperada não era maravilhosa, pelo menos não como tanto imaginara. O conteúdo preenchia sua boca, mas amortecia-lhe a língua. Estupidamente gelada. Dava-lhe mais vontade de beber, não mais apreciava a bebida, mas mandava ela para dentro com finalidade de deixar a sensação salgada do amendoim.

...No intervalo entre o primeiro e o segundo tempo, nenhuma alteração. Nem se quer cruzou as pernas, alongou-se, deu uma volta em torno da cadeira, pegou mais cerveja, mais amendoim, nada. Ficou ali apreciando a programação e alguns comentários. Quando o jogo terminou, o placar deprimente: 2x0.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A fria lâmina do anonimato

...Esta é a história de um fotógrafo anônimo. O nome dele é Alberto. Alberto dos Santos. Digo anônimo, pois este morreu no anonimato por causa de sua primeira exposição. Tinha um futuro promissor, pelo menos é o que eu consigo ver na minha bola de cristal. Se não fosse uma foto. Por uma única foto.

...Como todos os fotógrafos da época. 1983, se não estou enganada. Tirava fotos bem enquadradas. Pessoas sorrindo em bancos de praça. Cães de família com familiares. Árvores com pessoas fazendo piqueniques ao redor. Colméias de abelhas com apicultores.

...Dentre os assuntos mais variados ele tinha onze, onze fotos. Com doze, pelo menos o que ele achava, poderia imprimir e emoldurar todas e conseguiria sua primeira exposição de sucesso. Ou completo fracasso. Precisava de mais uma. Mais uma única.

...Mas não conseguiu. Vitorioso pensou em expor então as duas que tinha conseguido no último fim de semana que havia saido para a 'caça'. Porque colocar apenas uma se pode colocar duas. E assim foram impressas e emolduradas não onze nem doze, mas treze. As treze fotos sensacionais de Alberto dos Santos.

...Folhetins impressos em jornais. Tudo custeado pelo próprio fotógrafo. O convite enviado a algumas personalidades políticas mais respeitadas da cidade. No grande dia 26 de agosto de 1983. Tenebroso dia 26 de agosto. Lembrado por ninguém. A manhã começou fria e nublado continuou até o fim. As portas do salão se abriram rangendo. O pessoal entrou com preguiça.

...As fotos dispostas em biombos brancos. Todas em preto e branco. Pessoas sozinhas sentadas, em pé. Em família. Em companhia de objetos. Mas a ultima chamou mais atenção. Pois não havia pessoa nenhuma. O mais curioso é que o nome da foto era: “Mulher nua de braços abertos.” A imagem mostrava uma árvore. Com muita cautela o observador conseguia enxergar braços femininos. Atrás das folhas. A mulher nua estava escondida entre as folhagens. Que ultraje.

...Olhavam com desgosto para a obra prima. A décima terceira foto. Que fez com que no final do dia a exposição sucesso por quase uma hora fosse fechada. Não cometi atentado ao pudor. Falou, contou, explicou e gritou por toda noite o fotógrafo frustrado em uma sela única.

...Meses depois saiu sem acostumar-se com a luz. Cambaleou e aposentou a máquina fotográfica. Gastou seus últimos dias desconhecido com filmes, álbuns, livros e sono.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Façam fila indiana, por favor.

...Um dia isto acontece com todos, não se sinta tão especial. Você é só mais um boiando na correnteza. Como um pedaço podre de cocô. Talvez com alguns vermes a mais. Mas é só isso. Não sei de onde vem estas manias imbecis de sair pulando só porque conseguiu uma boa nota na escola. Conquistou o respeito em casa. Olhou com outros olhos para a empregada. Pior que boiar é estar em uma correnteza como você. Não é esperto. Vai para onde todos vão. Vai chegar aonde milhões de outro chegaram antes de você, mas quando o fizer vai sentir-se o próprio Deus. O todo poderoso. Pensará que fará que nem eu. Falará o que quiser e se achara o bom da vez. Aquele que pode falar o que mais ninguém fala. Sim, todos estarão curvados em sua imaginação. Poderá surpreender a todos com um discurso irreverente e cheio de provocações. Pois você estará em situação sublime. Estará com seu poder máximo. Mas lembre-se apenas que ao fim da correnteza vem uma cachoeira. Eu sei, eu já cai nela e explodi como um monte de bosta explode quando bate de encontro a uma superfície cruel como a da água. Fica pior que cair de nuca no piso frio em um dia chuvoso. Contará aos outros que te apoiarão e todos, inclusive você acharão isto um máximo.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Confidencial

...Sim, estava em uma delegacia. Não, eu não roubei nem matei. Estava indo buscar meu primo. Ele foi intimado a ir até o local, pois tinha sido pego perto de um ponto de venda de material ilícito. Drogas, armas, contrabando em geral. Claro que ele não tem culpa. A mãe dele que dizia apenas isso, vai ser rápido. Vai lá pra mim. Além do mais, não to em condições de dirigir agora. Sabe que eu acabei de acordar. Justamente por que eu tive que vir apanhá-lo. Até tentei trazê-la junto, mas ela ficaria muito injuriada e não agüentaria a pressão do lugar. Claro, pois ia ter de admitir tudo, ficaria pensando sobre o caso. Em todo caso vim eu para, absolver por assim dizer minha tia da pena. Deixa ela pensar que o filho dela é perfeito. Completou 18 na semana passada e veja só. O pimpolho na delegacia. Os tiras, é bom poder usar a palavra quando você não tá na reta, estão mantendo ele por bastante tempo lá. Querem pelo jeito arrancar a confidência no ultimo suspiro.

...Não foi nada agradável. Na realidade ele ficou naquela sala uma meia hora apenas, mas quando se está do lado chato da ação o tempo simplesmente não corre. Ele saiu como é: magro, com roupas ridículas, tem aquele estilo imbecil de ser, com um olho roxo alguns hematomas no braço, o nariz sangrando com um algodão. Claro ele não é machucado por natureza. Descontrai: “Puxa, pegaram pesado com você, foi a galera do gueto ou foram os tiras?” Na hora ele sorriu sem graça e eu nem atinei. De qualquer forma certo dia tive acesso ao interrogatório feito a ele por escrito. Foi uma colega meu que faz direito. Tava fazendo uns trabalhos na área criminal e teve acesso ao dialogo completo. Reconheceu o meu nome no sobrenome e levou para eu ler na maior brincadeira:

...”Boletim de ocorrência no 0764232 (18/02/2011) Referente a suspeita de auxilio a trafico de drogas e porte de arma. Suspeito Eric Castro da Costa.” Quando terminei esta parte meu colega falou que fiquei extremamente sério. Eles brincam que nunca fui mais o mesmo. Passei os olhos correndo pelo texto identifiquei algo como: “O comandante Rogério Silva Júnior pergunta ao inquirido se ele fez uso de drogas naquele dia e/ou seu ele faz uso periódico da substancia proibida pelo artigo 13 parágrafo 15 do código civil do estatuto dos direitos civis perante a ordem. Negado pelo jovem. [...] Negado pelo jovem. [...] O comandante reformula a questão com embasamento em técnicas de persuasão previstas pelo manual... [...] Negado pelo jovem. [...]”

...Tudo estava tão claro para mim. Realmente minha tia surtou tanto com aquela historia na época que depois dos exames de sangue e diabo a quatro contatou-se que o Eric não tinha qualquer envolvimento com aquela ‘galera’. Foi um ‘ufa’ familiar... [...]

...Este texto, em seu formato integral foi censurado e proibido pelo governo. Este por sua vez fez certas adaptações a gosto e vontade. Votem para o futuro do país.

sábado, 3 de julho de 2010

O que houve?

...Não sei desde quando o habito de fumar entrou no bar do Joe. Mas ali era lei. Lei talvez não, mas era impossível estar naquele ambiente não grande, ou melhor, nada grande, sem ter seus olhos irritados por uma espessa camada de fumaça no ar. O pior é que ela não era formada todos os dias e depois renovada. A aparência é que tinha a mesma idade do bar, inaugurado em 1986. Rezava a lenda que pessoas realmente importantes haviam fumado ali, por isso daria azar se deixasse toda aquela fumaça sair.

...Maldito folclore estúpido de cidade podre do interior. Pensava um sujeito que trazia um lenço branco cobrindo o nariz e a boca. Vamos embora. Insistia ele aos amigos ou primos, pois eram três rapazes realmente parecidos. Podiam até ser irmãos, mais se fossem já estariam mais exaltados. Os outros sorridentes olhavam em volta e achavam graça de nem saberem direito se estavam perto ou não do balcão onde eram preenchidos canecões com chope. Vamos lá quando teremos a oportunidade de ver um jogo da Alemanha num bar assim? O mais animado dos três insistia nesta frase. O outro enojado. O terceiro estava tentando enxergar a tela de 14 polegadas através da cortina cinza que flutuava por todo o lugar. Fanático como era quando viu a bola correr até o gol animou-se não identificou nada, porém gritou como nunca. Levantou os braços e soltou um sorriso muito contagiante.

...Mas ninguém havia se mexido. O gol não era a favor. Todos olharam para ele, todos extremamente sérios. Ficou envergonhado. Alguns acharam graça, outros. Bem, outros nem tanto assim. Logo sentiu um puxão. Traidor da nação. Um punho cerrado lhe atingiu o olho. E ele apenas caiu. Não que realmente tivesse sido nocauteado. Mas é que por alguns instantes viu a silhueta do homem que o acertou e bem: parecia mais um urso do que um homem. Disse ele depois. Mas o companheiro que voltava do balcão com canecões não havia sido tão observador. Soltou um murro no ar e acertou alguém. E a briga começou.

...Inacreditável foi ver como realmente havia espaço. Onde antes era impossível de andar direito agora tinha espaço o suficiente para a realização de golpes que a mente humana não consegue pensar que acontecem em uma briga de bar. Pelo menos não naquele bar. Claro também que cadeiras voaram. Claro que copos inteiros de chope se perderam no chão, quebrados ou apenas tombados. Talvez não seja exagero dizer que alguma mesa tenha sido arremessada, mas não causou um estrago tão grande. Afinal estavam todos bêbados mesmo.