quinta-feira, 28 de julho de 2011

quinta-feira, 31 de março de 2011

Clima de Mistério

  1. A lua estava linda. Quase tocava o mar. Uma silhueta apareceu em sua alvura. O brilho mágico daquela noite prometia. Contra a luz da lua o policial apertava os olhos para perceber quem vinha a seu encontro. O bigode castanho escondia uma boca fina. O 'cap' azul escondia sobrancelhas espessas e os olhos eram espremidos por um nariz muito redondo. Enquanto a forma humana se aproximava do carro pelo cais o policial tranqüilizou-se. Sentou-se confortável no banco do motorista com a porta aberta. O homem oculto pela luz da lua ainda demoraria para alcançar a viatura, mas o homem da lei não moveria um polegar para diminuir a distância entre os dois. Uma caixa de papelão rosado no banco do passageiro foi pega e aberta, de dentro saltaram duas rosquinhas. Uma para a boca e outra foi segurada por algum tempo. Depois de em velocidade degustar as duas, o outro homem já estava perto o suficiente para trocarem palavras.
  2. Mas novamente, nada foi feito por nenhum dos dois. O outro policial, tinha um porte físico um pouco mais avantajado que de seu companheiro, entro pelo banco do passageiro sem dizer uma palavra. Tirou a caixa de rosquinhas e a arremessou, vazia, para o banco de traz. Parecia ter músculos bem desenvolvidos em todos os trechos do rosto. Pôs o cinto. O outro recolheu os pés para dentro, fechou a porta, passou o cinto rapidamente enquanto ligava o carro. Uma manobra de marcha ré pôs a viatura preta e branca em sua mão na pista de rolamento. Com os faróis ligados foi a delegacia. O carro numero 167 parou no seu devido estacionamento e os dois parceiros desceram do veículo. Dentro o ambiente estava à meia luz. Muitas escrivaninhas cheias de papéis e processos de prisão. Poucos sentados resolvendo os assuntos que deviam.
  3. Os dois passaram reto por todo o escritório e entraram em uma sala pela porta com uma janela pequena de vidro. Fecharam as persianas de toda a sala do chefe. O gordo homem negro com um bigode grisalho não acreditou nas palavras que seguiam: "Não havia nada lá chefe."
  4. Dispensados os dois foram a sua casas. Em carros particulares. O motorista pensou: "Nem toda a história tem um bom final..." O parceiro tirou um bolo de dinheiro de seu uniforme: "Está historia terá um final feliz."

quinta-feira, 24 de março de 2011

Quem está certo?

  1. "Hoje eu levantei tarde e fiz tudo errado. Virei a direita saido do meu quarto, quando deveria ter ido a esquerda. Não lembro com qual dos pés que eu primeiro pisei no chão depois de me levantar. Acho que os esquerdo, pois levantei pelo outro lado dela. Queimei as bordas do meu ovo frito, deixei o centro da superfície da minha torrada um pouco mais escura que as bordas. Eu não sei o que pode estar acontecendo... Eu olho para estas mãos e não sei ao certo o porque estou olhando. Nunca pensei que fosse chegar neste ponto... Bem, aqui estou eu, sem saber ao certo o que eu, realmente, estou fazendo. Quer dizer, sei bem o que estou fazendo! Até tenho aquele mesmo friozinho na barriga, da expectativa. Sabe!? Claro que sabe. Mesmo que não tenha esta sensação a muitas e muitas décadas com este seu trabalho enfadonho, com seus hábitos inúteis, quando era criança você era especialmente movido por esta sensação. E só por esta sensação. Lembra-se de quando era criança Doutor? De quando você estava livre das penalidades, dos riscos. De quando você era protegido? Claro que se lembra. Neste momento eu vejo seu olhar brilhar, cintilar. Posso até adivinhar no que você está pensando. No que você está pensando Doutor? Ah, já sei... Em seu antigo e primeiro amorzinho infantil. Posso ler claramente! Nas pequenas alegrias que você tinha. Tudo passa não é mesmo? Você deixou estas pessoas de lado para se unir a sua mortalha. Enfiou a cabeça em seus trabalhos para desviar os problemas e por fim: Se afundou neles! Não estou aqui para julgar. Digo melhor e mais bonito: Não 'estamos' aqui para julgar. Exceto o senhor, claro. Não sou nenhum filho da ignorância. O senhor Doutor, é um julgador de primeira linha. E cá entre nós, é só por isso que divido estas minhas pequenas palavras contigo. Sabe não é? Que eu confio imensamente no senhor. Ah! O que é um homem que não confia no outro homem? Tinha um amigo que diria que este homem seria uma mulher, mas em puro espírito de brincadeira, chacota, sarnaça. Nada serio é proferido de nossas bocas, nem em nosso maior estado de limpidez e purificação. Então me responda Doutor: 'Quem está certo?'"
  2. O homem de jaleco branco e roupas inteiramente brancas estava estendido no chão, ensangüentado. Não falava, não tinha forças. Gemia qualquer vogal, qualquer energia que lhe restava empregava em lhe manter a vida. O outro abaixou-se ao lado do corpo ofegante: "Hum... Entendo." Atentou seu ouvido o máximo para tentar entre os murmúrios ver se o psicólogo conseguia ainda falar mais alguma coisa. "Bom, não vamos deixar o mundo saber disso!" Um tiro.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Vergonha

  1. "Você não tem vergonha na cara minha filha! Vai botar uma blusa!" O velho, que nem era tão velho assim (68 anos), estava de costas para a filha sentado lendo seu jornal. A moça alta matou o velho quando cortou sua garganta com a linha de empinar pipa revestida com cacos de vidro. A morena abaixou até a orelha grande do senhor e sussurrou: "Sua filha, não vai sair de casa hoje". Posicionou-se ao pé da escada, sacou um revolver e começou a aponta-lo a espera fria e calculista de sua futura vitima.
  2. Demora... Cinco minutos... Ou seria somente a cabeça da assassina, com tanta vontade de dar os três disparos que a noite prometia. O primeiro quando a moça ao sair do quarto e chegar a escada terminasse, despercebida, o primeiro passo para a descida. No meio do pé. Que estaria calçando salto. A vitima sentiria uma dor imensa na hora de apoiar o peso e quando estivesse jogando o peso contra o corrimão, segundos antes o segundo disparo na parte interna do cotovelo. A quantidade de sangue nos primeiros instantes seguida pela dor causariam um grande abalo psicológico, devido aos traumas de infância e ai sim, ela rola escada a baixo de vez. Já no térreo, a moça ensangüentada porém linda em seu vestido azul estaria chorando desconcertada. Talvez se perguntasse: "Por-por-qu-ê?" A mulher de maquilagem pesada e abaixa com riso sinistro e explica, com a voz doce e simpática com que a coitada merece. "Você tem algo, que não é seu. Que não pertence a você". Se ela chorar muito nesta hora a luva preta lhe aperta o maxilar com força e ela sente muita dor. De repente a luva volta a si e passa calma no rosto e até pode enxugar uma de suas lágrimas. "Você sabia que não era seu. Não chore assim querida, você iria se decepcionar mais cedo ou mais tarde mesmo. Agora pare de chorar, o socorro chega e te bota de pé de novo. Eu só vim buscar o que não é seu." A moça caída, fica sem reação, não sabe o que deve fazer então solta um riso de desespero. A ladra sobe as escadas até a metade e olha para o corpo de vestido no chão e ainda sangrando, o rosto ainda chora, ela não pode se mover. Durante a queda tinha quebrado a canela. "Mentira querida." Terceiro disparo.
  3. Em uma outra sala, com uma iluminação fortemente azul, moveis azulados com grandes telas de alta tecnologia. Encontravam-se um físico, um médico, um político, um engenheiro e nossa já apresentada mulher de negócios. "Está é a filha dele." Falou um deles. "Quando pequena bateu forte a cabeça, chegou a sair sangue. Tem fobia desde então." "Não é bom para ela desmaiar durante... Vocês sabem, o... Serviço." "Certo que não, ela já não tem este tipo de reação a alguns anos."
  4. O grupo andava pelo ambiente todos entrosados, conversando e sabendo exatamente do que cada um tratava. "O que é aquele ponto na mandíbula do raio Xis?" "Boa observadora, aquilo é aonde ela teve um pino. Para a correção da mandíbula em relação a coluna. É um ponto com dificuldade de cicatrização e muito sensível, pelo andar da carruagem, ela toma um remédio forte contra a dor. Mas como o medicamento relaxa a língua ela não usara nesta noite."
  5. Enquanto a misteriosa morena andava para fora. O medico olhava com atenção os exames feitos e chamou a atenção de todos quando percebeu. O grupo voltou-se a ele. "Ela tem um trinco, que nem pode sentir na perna, altura da canela, rolando a escada ela vai quebrar." "Algo mais?"
  6. Ao cair da noite naquele mesmo dia a mulher arrombou sem ruido a porta da frente de uma casa amarela de dois andares. Em um bom bairro daquela cidade que tinha cara de grande cidade à partir de quinta feira. Por fora a casa de madeira era muito simpatia. Mas dentro as coisas não estavam legais. Ouviu-se ali por perto dois disparos seguidos. Na verdade os vizinhos não pensaram em tiros mais em adolescentes e suas bombinhas. Manias chatas de criança. Depois de um tempo, mais um estouro.
  7. No meio da escada a assassina guardou a arma e terminou a subida. Entrou em um quarto de ex-adolescente um pouco em crise de idade. Foi diretamente ao criado mudo, levantou a luminária. "É disso que eu estava falando o tempo todo."