sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sobre as nossas cabeças o sol

  1. "Um homem levantou de seu posto e começou a dança da vida. Outro a ele se juntou. Juntos uma volta foi dada e um brilho dourado envolveu o universo todo." "Como isso pode acontecer?" "Não é questão de acontecer. É uma historia." "Sim, mas as historias não devem acontecer?" "Não. As historias devem nos ensinar coisas." "Os acontecimentos nos ensinam coisas." "As historias também." E deste modo o mestre teve seu aluno muito confuso, pudera, era muito jovem, dez anos no máximo. "Vai lavar o chão."
  2. O garoto muito magrelo pegou uma grande vassoura e um balde com água. Mal aguentava tanto um quanto o outro, mas o grande piso da sala foi limpo. Um monte de poeira que foi juntado num canto começou a se mover com o vento. O mestre interveio: "Limpe toda a sujeira." "É o que estou fazendo." "Mas está esquecendo aquele canto." Apontou. "Não, eu vou limpar tudo, direito." "Eu sei que vai, como a historia termina." Ele se tocou. "Eu odeio historias que não terminam."

O mundo segundo HL

  1. O dia corre rápido demais. As noites correm rápido demais. O que se mantém eterno, não dura mais que um dia. A tarde. A madrugada são extensas como um dos grandes pergaminhos pertencentes aos hindus do sudeste. Esta tudo misturado e confuso nos dias de hoje. Do meu berço eu olho por cima do muro. Do chão, eu não vejo mais nada. Todos são altos, é tudo longe. Não se vê mais pêlos no nariz. Os olhos com brilhos frios fingem carinho, amor, preocupação. Quando estão todos presos dentro deles mesmos.
  2. Olham para números como deveriam olhar para pessoas e olham para pessoas como deveriam olhar para números. Ninguém esta preparado de verdade para te pegar no colo e lidar com um acidente. Ninguém esta pronto para te chamar de pessoa. Te chamar de adulto. Te chamar de pai. Avô. Irmão. Corpo. Morto. Falecido.
  3. Convivemos com a morte todos os dias, todas as horas. No entanto só estudamos para nos tornarmos cientistas. Eu odeio explicar as coisas.