...“Estive observando você. E fico feliz em lhe informar que tem todos os quesitos suficientes para ser uma excelente cobaia senhor macaco. Sim senhor, quem é o animal irracional? Quem é a cobaia fofinha? Quem? O senhor!” E assim o cientista retirou o animalzinho da gaiola. O pobre mico tremia. Tinha pouco mais de um ano de vida, quase um bebê ainda. Tremia de frio e pavor. Não reconhecia o ambiente e não fazia idéia nenhuma pelo qual tipo de experiência iria passar. Se pensasse, pensaria: “E agora? O que irá acontecer?” Mas como não pensa, não pensou. Se sentisse pensaria: “Acabou minha vida? Devolvam-me para minha família, minha mãe, meus irmãos. Quero voltar a minha vida.” Mas como não sentia e não pensava, também não sentiu nem pensou.
...Logo o mico se encontrava em uma mesinha cirúrgica. Preso por um cordãozinho que em cada uma das pontas continha um pé de mesa e um pé de macaco. Uma luz intensa incidia nos olhos esbugalhados da criaturazinha. Uma grande silhueta se aproximava amedrontadoramente. A sombra crescia e o animal diminuía. E o animal não sentia nem medo, nem pavor. Não tinha vontade de voltar a sua vida, pois fora criado exatamente para isto.
Um comentário:
Tenso... Claro que macacos não sentem, nem nada, claro que "animais" são menos animais que os humanos. O mundo é obcecado por evolução, sem se analisar os meios para alcançá-la.
Muito bom texto, irônico, crítico e sensato! Parabéns!
Aral Suehtam
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